Eu sou a favor da vida!

17:10 Mâniga 0 Comments


Se você não esteve numa bolha nos últimos dias, soube do caso que rolou em Duque de Caxias (RJ), em que a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal afirmou que não se vê crime na interrupção da gestação durante seu primeiro trimestre. Aí, ao invés de fazer textão no Facebook, eu decidi escrever a respeito do que tenho lido aqui, já que este é um espaço tão pessoal para mim e aqui posso escrever de modo mais concreto. Esse é um assunto que nunca fica velho, é um tabu há anos e não, não estou "atrasada", já que opiniões são apenas opiniões. Se eu fosse juíza do STF ou alguém que, ao se pronunciar a respeito, pudesse influenciar pessoas, seja pela sua formação, seja pela sua ocupação, aí sim, talvez pudesse dizer que perdi o timing. Mas como isso não se trata de business pra mim, vou em frente.

Se teve uma coisa que eu aprendi nos últimos anos estudando Comunicação foi que para fazer qualquer análise sobre qualquer coisa, eu preciso buscar ser o mais cética e imparcial possível, porque na minha profissão, muitas vezes, vou me deparar com clientes cujas filosofias vão muito contrárias às minhas, no entanto, as contas não vão se pagar sozinhas, não é mesmo? E é aquilo: se você não topar, a concorrência topa. A questão é analisar a situação como um todo e não apenas o objeto, o que é um desafio pra mim, já que eu costumo ser muito focada. Outro grande desafio é utilizar essas análises para fazer projeções. A gente tem que ser capaz de projetar uma vantagem futura com uma margem de erro pequena ou quase nula, ou então a gente não consegue fazer com que o cliente confie seu dinheiro em nós. Algo que costuma funcionar para embasar essas projeções são pegar cases semelhantes e apresentar ao cliente, que se ele não for do tipo ousado que gosta de arriscar, ele vai ver que aquilo já foi feito por outras empresas e que dá certo e ele vai obter vantagens, mesmo que o esforço inicial faça parecer o contrário.

Agora, focando no assunto, a principal crítica à legalização do aborto é o suposto atentado contra a vida humana. Então, diz pra mim: pra você, o que é "estar vivo"? Mas assim, sem resposta pronta, tenta refletir mesmo sobre o assunto, sabe? E me dar uma resposta consistente, embasada em alguma coisa. Eu busquei na bíblia, busquei em alguns artigos (coisa rápida) e não encontrei a definição precisa para isso. Então fiz a pergunta de outra forma: qual é a condição para se considerar vivo? A resposta é simples: não estar morto. Mas o que é "estar morto"?

Existe uma lei na Constituição Federal que permite o transplante de órgãos no caso de o paciente ter morte cerebral, mesmo que o coração ainda esteja batendo (Lei 9.434/97, capítulo II - Lei dos Transplantes de Órgãos - Fonte 2). Como diz o artigo da USP que eu li para escrever sobre isso (Fonte 3), "a morte encefálica é um quadro irreversível e significa a morte letal do indivíduo". E se o completo não funcionamento do cérebro é a condição para a morte, o seu completo funcionamento é a condição para a vida. É aí que está o tal do "antes do primeiro trimestre" de gestação, quando o cérebro do feto ainda não está desenvolvido completamente. É, geralmente, no início do segundo trimestre de gestação em que se pode perceber a atividade funcional do cérebro. (Fontes 8, 9 e 10)

Isso perante a ciência e a lei, que foram as formas mais sóbrias de analisar a situação que eu encontrei, independente da minha religião e do que eu acredito sobre quando a vida começa de fato, eu ainda vivo em uma sociedade onde impera uma Lei Superior e nela, o Artigo 5º (Fonte 4) menciona a liberdade do indivíduo dentro da sociedade, que é algo inclusive que coincide com uma da declarações da Bíblia, que menciona que Deus deu aos indivíduos o livre arbítrio quando nos criou (Gênesis 1:26 - Fonte 5), de modo que eu não posso impor minhas crenças ao resto da sociedade, e ainda me sinto livre para optar pela forma mais racional de tratar um assunto que não diz respeito apenas à fé, mas que já virou uma questão de saúde pública com números alarmantes. Eu escolho por entender isso de modo racional, porque cabe ao Estado julgar essa condição como crime ou não e porque isso tem um grande impacto social e, novamente mencionando a Constituição Federal, seu Artigo 19 (Fonte 6) atesta a laicidade da União.

Interromper a gestação virou um assunto de interesse público (no sentido político da coisa), porque não é apenas ao feto que isso diz respeito. Diz respeito à mulher que irá ou não gerar essa criança e à sociedade na qual ela viverá. Uma pesquisa publicada pela Universidade Federal de Brasília (Fonte 7), mostra que, no Brasil, o aborto é tão comum que, em 2010, quando a pesquisa foi realizada, estimou-se que 1 em cada 5 mulheres já interromperam a gravidez. Além de a pesquisa provavelmente estar defasada, pois já se passaram 6 anos, há ainda o fato de que nela não foram contabilizadas mulheres analfabetas, nem residentes em áreas rurais do país. Ou seja, o número de mulheres que já abortaram alguma vez é muito grande, fechar os olhos para isso é uma hipocrisia que afeta o país social e economicamente (vou explicar adiante).

Acontece que ninguém fala sobre isso, obviamente porque é crime, mas também porque é um tabu. Nenhuma mulher que interrompe a gravidez faz isso com prazer, é uma situação dolorosa e de risco para ela mesma. Muitas vezes, algo que ela tentou evitar, por n motivos, mas o método contraceptivo falhou e ela é a única que vai ser julgada por isso, afinal cabe apenas à mulher a obrigação de não engravidar. Muitas vezes, ela também não "procurou", mas devido à condição social em que vivemos, na qual a mulher é vista como frágil e inferior, ela foi vítima da circunstância. A reportagem que o Fantástico mostrou ontem sobre o tema mencionou que o perfil de mulheres que optam por interromper a gravidez são mulheres comuns que sabem o que estão fazendo, não aquele que a maioria imagina como sendo uma jovem inconsequente que "não soube fechar as pernas". 67% delas já têm filhos, segundo uma pesquisa que mostrou que, em 2015, meio milhão de mulheres interromperam a gravidez. Também não se pode trazer quaisquer argumentos preconceituosos contra populações mais pobres, visto que em todas as classes sociais o volume de abortos é semelhante (ou seja, todas optam por correr o risco, mas algumas podem pagar por condições menos piores e não vão popular ainda mais as filas dos SUS depois) e 88% das mulheres que já abortaram alguma vez têm religião. (Fonte 13) Sabendo disso, mais uma vez ratifico: fechar os olhos para essas condições é uma hipocrisia gigantesca, que traz consequências são bem ruins.

Existem 3 principais pontos socieconômicos que eu gostaria de destacar quanto à criminalização do aborto:

1. Mulheres morrem.

Isso é um fato e eu não vou me delongar sobre. Um artigo do Doutor Drauzio Varella (Fonte 11) explica como o aborto clandestino é feito, na maioria das vezes: baseado no princípio da infecção. Isso gera um risco imenso para a mulher, além do constrangimento, e, como ele menciona, é difícil estimar números (por isso, não acreditem em qualquer manchete).

2. Mulheres com abortos mal sucedidos recorrem ao SUS.

"Ah, mas ela também vai recorrer ao SUS, caso o aborto seja descriminalizado". Pense no esforço que a equipe médica emprega em uma situação prevista e controlada e no esforço que ela precisa empregar e pessoas que precisa envolver em uma situação de emergência e risco. É melhor ter uma outra equipe preparada para este tipo de atendimento, já que ele ocorre de qualquer maneira, do que comprometer com uma emergência a mesma equipe que você pode estar precisando naquele momento, sendo que as chances de que a paciente em situação de risco não sobreviva são grandes, porque o aborto foi realizado de modo clandestino, e a equipe ficará muito desgastada.

3. A relação entre o aborto e a criminalidade.

Cruel, mas real. Em 1973, o abordo foi legalizado nos Estados Unidos (pois é, somos atrasadinhos, como sempre), isso fez com que o número de nascimentos de crianças periféricas diminuísse, ou seja, nasceram menos crianças pobres, que, muitas vezes, não teriam um lar, nem estrutura familiar e, que, não raras vezes, teriam poucas condições para adquirir uma boa educação, que lhe garantissem uma vida distante de um comportamento criminoso. Segundo o economista Steven Levitt, cerca de metade da queda do nível de criminalidade entre 1990 e 2000, nos Estados Unidos, se deve à descriminalização da interrupção da gestação. Em Freakonomics, Sthepen Dubner e Steven Levitt falam sobre isso. (Fonte 12) Como se pode perceber, é uma medida para se pensar a longo prazo.


Particularmente, eu entendo as pessoas que são contra o aborto, sou alguém bastante privilegiada, tive excelentes oportunidades para ir atrás das coisas que eu quero e viver como eu vivo. E eu entendo o quanto essa é uma situação delicada, mas como eu falei, não posso impor o que eu penso a todo mundo, porque nem todo mundo vive a minha realidade, e posso aceitar numa boa o fato de que muita gente vai discordar de tudo isso. Acontece que ser a favor da vida e ser a favor do nascimento, infelizmente, são coisas distintas.

Eu sou a favor da vida. Sou a favor de que as pessoas vivam bem, com qualidade, que de fato vivam! E não apenas existam, como mais um "incômodo para o Estado", que assim os veem. Sou a favor de que as pessoas tenham o que comer, onde morar, sejam queridas e tenham o carinho da família em todos os momentos, mesmo que essa família não compartilhe DNA. Sou a favor de que as pessoas cresçam com condições psicológicas para segurar essa barra que a gente chama de vida - e olha que, mesmo muitas vezes crescendo em ambientes ótimos, as pessoas não têm. Sou a favor da vida da mulher também, que, embora eu odeie admitir, ainda precisa mostrar que tem voz e vontade própria. Sou a favor do que for melhor para a sociedade, porque, mesmo que às vezes a gente deteste isso, o fato é que a gente precisa aprender a conviver e a respeitar as divergências. E se tem uma coisa que não pode reger a sociedade, essa coisa é a religião, a gente já viu que não dá certo. Lembre-se, se dependesse do julgamento religioso, não realizaríamos transplantes de órgãos, não tomaríamos vacinas, não salvaríamos vidas já existentes, que é o que estamos fazendo olhando para este assunto com base unicamente na religião.

Portanto, que a gente tente progredir sempre pensando na sociedade como um todo, de modo sóbrio, com base na lei, não em valores pessoais.


Fontes: 1 / 2 / 3 / 4 / 5 / 6 / 7 / 8 / 9 / 10 / 11 / 12 / 13

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[Atualizado 06/12] Conheci a Lauren Kate!

17:36 Mâniga 0 Comments


Lauren Kate é uma escritora de ficção young adult. Ela é norte-americana e escreveu, entre outros livros, Fallen, uma série de quatro livros, que conta com outros três spin-offs. Fallen, o primeiro livro da série, chegou a ser best-seller do jornal The New York Times. E, após longos anos esperando, a adaptação cinematográfica do livro finalmente ficou pronta! A pré-estreia será amanhã, dia 05/12 (!!!!) e a estreia será dia 08/12.

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DIY - 4 ideias incríveis para reutilizar papelão

18:36 Mâniga 0 Comments


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15 coisas que eu aprendi com o meu TCC

23:48 Mâniga 0 Comments



O Aprimoradamente é um blog sobre experimentar e eu estive, pela segunda vez, experimentando o desespero e o estresse que é estar diante de um trabalho de conclusão de curso. Se você que está lendo isso ainda não passou por isso, eu espero que você passe em breve.

Um trabalho de conclusão de curso é muito mais que apenas um trabalho acadêmico. Ele te ensina a amadurecer, a enfrentar desafios, a aprender a lidar com pessoas - se o seu trabalho não é em grupo, você precisa falar com pessoas para poder desenvolver alguma parte dele, sempre tem mais de uma pessoa envolvida no processo - e, mais do que tudo isso, o seu TCC te ensina coisas sobre você. Você precisa aprender a gerir pessoas, a gerir o processo, gerir o seu tempo, prioridades e gerir suas emoções para que tudo saia como você planejou e, às vezes, não sai e você precisa simplesmente aprender a lidar com isso.

Atualmente, estou finalizando minha graduação, meu TCC foi desenvolvido em um grupo com outras 3 pessoas, ou seja, somos 4, e todos bastante competentes e dedicados. Meu primeiro TCC foi há 3 anos e meio, quando concluí o nível técnico. Achei que, por já ter passado por isso antes, estaria mais do que pronta para passar novamente e enfrentaria com muito mais facilidade. De fato, eu aprendi a ser menos centralizadora e a tentar compreender melhor as pessoas da equipe, mas de maneira nenhuma foi mais fácil.

Sendo assim, decidi listar alguns pontos que acho que foram bem importantes para mim durante ambos processos. Acho que podem servir pra alguém e vamos ver se eu seguirei meus próprios conselhos quando estiver diante do TCC da pós-graduação. :P


1 - Cronogramas com check lists são muito úteis.

Você pode optar por separar um período do dia para estudar, você pode optar por estudar só aos finais de semana, mas uma coisa é fato: se você tiver um cronograma e for riscando o que tem pra fazer, você sempre sabe onde parou, o que falta e quanto tempo tem. Procure estabelecer a sua data limite para antes da data limite real de entrega, assim, se houver algum imprevisto, você tem um tempo extra para ajustar.

2 - Quando seu professor disser "aproveite essa última semana de férias" não acredite nele.

Você vai ouvir de um professor antes de começar seu TCC que você ainda pode aproveitar mais essa semaninha... Acontece que se você deixar tudo pra próxima semana não vai dar tempo de entregar. Mesmo que você não se dedique tanto, procure dar uma olhada, dar o pontapé inicial e já deixar tudo encaminhado, assim não tem que correr contra o tempo. (PS.: esse professor pode ser seu orientador também...)

3 - Procrastinar só vai te deixar mais nervoso.

Aquele velho clichê de "não deixe pra depois o que pode ser feito agora", eu sei que dá preguiça, mas só faça. Vai poupar bastante estresse no futuro.

3 - Dê prioridade para o que o seu coordenador diz.

A forma como seus professores administram um trabalho de conclusão pode variar. Escute sempre o que o coordenador do trabalho orienta, ele é quem dá "a canetada final", ainda que os outros também avaliem.

5 - Descanso é importante.

Se você está cansado, não pensa direito. Se não pensa direito, o trabalho sai mal feito ou não sai. Simples assim.

6 - Não deixe a ABNT por último.

As normas ABNT não são o monstro de 7 cabeças que todo mundo diz. Ao invés de simplesmente começar a escrever um monte de coisa num documento em branco no Word e só pensar em ajustar nas normas quando for entregar, vá ajustando aos poucos. Poupe seu tempo e já deixe o documento formatado, com capa e todas aquelas coisas obrigatórias, e só vá ajustando quando ver que algo está fora do lugar, quando for conferir o documento de tempos em tempos.

7 - Nem as referências.

A dica da ABNT serve para as referências. Depois de um ano ou seis meses de trabalho, dificilmente você vai se lembrar do site que acessou ou do livro que consultou para começar a entender o tema. Vá organizando as referências junto com o desenvolvimento do trabalho.

8 - Se algo não dá certo, analise com calma as alternativas, não gaste energia procurando um culpado, concentre-a em buscar uma solução.

Desentendimentos vão acontecer, mas tenha sempre em mente que você perde tempo enquanto discute com o seu colega e, durante o desenvolvimento de um trabalho assim, tempo é algo muito precioso. Foque na solução, depois vocês resolvem os conflitos pessoais (que muitas vezes acabam confundidos com os conflitos acadêmicos e envolvidos nas discussões).

9 - Faça suas anotações num mesmo lugar/ caderno - organize-se.

Se você anotar cada informação num lugar diferente, pode perder algo quando precisar recapitular tudo.

10 - TCC é portfólio, empenhe seu melhor.

Quando você vai procurar um emprego na sua área, você se destaca se tem alguma experiência, por isso é importante sempre arquivar seus bons trabalhos. Se você não teve experiência profissional, leve seu trabalho a sério, não como só mais um protocolo acadêmico que você precisa cumprir. Se fizer isso, você estará um pouco mais preparado para o que vai enfrentar no mercado.

11 - Inspiração surge de conteúdo.

Na área da comunicação, a gente ouve falar muito dos "gênios criativos natos", eu não sou um deles, mas não sou menos capaz por isso. Não vai adiantar ficar olhando pra barra de busca do Google ou pro documento em branco por horas, esperando que o trabalho brote da sua imaginação. Criar é um processo, por isso vá atrás de cases semelhantes ao que você pensa em trabalhar, leia bastante a respeito, converse com os seus professores, esteja munido de conteúdo antes de tentar desenvolver o trabalho, vai ajudar a fluir melhor.

12 - Mantenha as orientações em dia.

Se o seu professor separa as aulas das quintas-feiras para atendimento de trabalho, certifique-se de ter algo para mostrar pra ele. Não precisa ser todos os dias, mas procure não deixar para mostrar tudo na semana anterior à entrega do trabalho: a sensação é a de que as dúvidas vão triplicar e o tempo ser reduzido na metade.

13 - Você vai acabar perdendo rolês por causa do seu TCC. Sinto muito.

Estabeleça prioridades. Seus amigos estarão lá quando você entregar o seu trabalho, o barzinho, a balada e os crushs também. Você não vai ter tempo para refazê-lo, por isso, faça-o bem feito, depois você chama todo mundo pra comemorar o trabalho entregue e compensar os rolês perdidos.

14 - Tenha sempre um backup de seus arquivos que pode ser acessado de qualquer lugar.

Em algum momento, no meio do dia, você vai precisar checar uma informação do seu trabalho em um lugar aleatório. Certifique-se de que você terá acesso a ele. Serviços como o do One Drive, iCloud e afins ajudam muito.

15 - Acalme-se:  se você se dedicou e estudou, colocou a mão na massa, você sabe o conteúdo. O professor pode rosnar, mas não morde.

Você não vai aprender o conteúdo de um trabalho que levou seis meses ou um ano inteiro para ficar pronto em dois dias. Certifique-se de sempre saber o que acontece durante o processo, mesmo que você não seja responsável pelo desenvolvimento daquele trecho do trabalho. Participe e discuta soluções e ideias. Garanta, desde o início do trabalho, que você saiba responder quaisquer perguntas que sua banca possa fazer.


A minha banca da graduação aconteceu no último dia 10/11 e deu tudo certo! Eu não pude seguir todos os conselhos acima, porque aprendi alguns deles durante o processo, mas outros foram muito úteis para o sucesso do trabalho, que foi muito elogiado pela banca, modéstia à parte, hehe. Dá uma olhada na cara de felicidade desses universitários cansados:

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Entre Nós: a vida como ela realmente é

05:14 Mâniga 0 Comments



Este texto pode conter spoilers.

Hoje, eu assisti a um filme que eu gostei bastante e, por mais que o filme não seja lá uma maravilha, a reflexão que ele me trouxe, embora não seja nenhuma novidade, foi importante.

Que fique claro que não sou nenhuma conhecedora das novidades, tendências e clássicos da indústria de longa-metragens internacionais e muito menos nacionais, tanto que este filme é de 2013 e eu só assisti no Supercine, na Rede Globo.

Ele se chama "Entre Nós" e conta a história de um grupo de amigos que se reúne em um sítio, escrevem cartas e as enterram em uma caixa para serem lidas dez anos depois. Um deles acaba morrendo (isto não é spoiler porque está na sinopse do filme!), mas eles se encontram mesmo assim e desenrola-se a narrativa das consequências das escolhas que eles fizeram em suas vidas e como eles conseguem - ou não - lidar com isso. O que mais me chamou a atenção, para ser sincera, é que o filme não é um desses com final feliz e previsível. Ele relata escolhas que qualquer um de nós está sujeito a tomar todos os dias. Não me refiro ao fato principal do filme, a questão do livro, mas às histórias paralelas, não são essas escolhas do tipo que, em um momento da sua vida, você se vê em uma encruzilhada e toma ou não uma decisão que traz determinada consequência. Me refiro às escolhas que são lapidadas diariamente, aquelas que realmente definem o curso de nossas vidas.

O caso da personagem, cuja última coisa que ela queria pra ela mesma era ser uma dona de casa frustrada e ela viveu uma vida se frustrando, esperando pelo momento em que teria a vida que ela sempre sonhou. O rapaz que viveu amargo e fechado a vida toda para não se machucar e acabava machucando quem ele mais amava e quem mais o amava também. O rapaz que se frustra por um pedaço de carne queimada, porque viveu a vida toda buscando o sucesso em alguma coisa e nunca foi capaz de alcançar... E o que é o sucesso? O que é não viver frustrado? Se fechar para o mundo vale a pena se for para viver uma vida infeliz e cheia de desentendimentos? Para mim, essas foram as questões principais do filme. Um desejava o "sucesso" do outro, mas, se realmente estivessem um na pele do outro, saberiam que a situação não era tão boa assim. Todos nós carregamos nossas aflições. A questão ética que o filme aborda é interessante também, mas o pano de fundo é que traz a real reflexão.

Quando o filme acabou, eu pensei: "ué, mas acaba assim?" e é aí que está! Acaba assim porque não acaba! Entende? Vida real? Eles eram um bando de jovens que, assim como eu e mais um monte de gente, vive em busca do "final feliz", do "quando eu chegar lá", só que a gente não chega, porque quando chega, acaba, quando chega no final, morre... E aí, como eu disse antes, sem nenhuma novidade: vem toda aquela reflexão de "o agora é o importante", "como estou aproveitando o presente?", sabe? Aquele clichezão.

Eu leio bastante sobre isso e tento me convencer todos os dias que o agora é mais importante, porque, sem ele, não tem amanhã. Mas, ansiosa que sou, simplesmente não consigo engolir essa ideia. Meu corpo naturalmente reage às situações da pior forma possível, quando o assunto é este, e eu não consigo controlar. Aliás, só estou escrevendo isso agora por causa disso. São cinco e oito da manhã e eu deveria estar dormindo, mas ele se nega a descansar e quer aproveitar cada segundo que me resta aqui, porque sabe que amanhã, à essa hora, estará de volta para o caos.

Outro problema é que a ideia de "estar aproveitando o agora" nos deixa tão pilhados em, de fato, aproveitar o agora que acabamos não aproveitando nada! Eu me preocupo por estar me preocupando, fico ansiosa por pensar que minha ansiedade está me atrapalhando, tá dando pra entender? As coisas só pioram quando tento melhorar isso. Claro que, a essa altura, quem ler isso vai estar pensando "essa garota precisa de um psicólogo!". Sim, preciso. Outros irão se identificar, ansiedade, definitivamente, não é algo fácil de se lidar, mas também não é impossível.

A questão é que acho que mais pessoas deviam assistir a esse filme, não necessariamente pela história, não pelos atores, como <3 Caio Blat <3, que estão presentes, mas por essa reflexão mesmo... Precisamos lidar com os nossos problemas e, se não for de maneira calma e controlada, será atordoada e espalhafatosa mesmo, porque eles não irão embora, esse filme deixa isso bem claro. Não adianta rezar, fazer promessa, mágica nenhuma vai apagar o que você fez ou executar o que você deixou de fazer.

Veja o Trailer do filme e a ficha técnica dele abaixo.

Título: Entre Nós (Original)
Ano produção: 2013
Direção: Paulo Morelli
Estreia: 3 de Outubro de 2013 (Brasil)
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero: Drama
Países de Origem: Brasil
Elenco: Carolina Dieckmann, Caio Blat, Maria Ribeiro, Paulo Vilhena, Júlio Andrade, Martha Nowill, Lee Taylor.
Sinopse: Sete jovens amigos escritores viajam para uma casa de campo para celebrar a publicação do primeiro livro do grupo. Lá, eles escrevem cartas para serem abertas dez anos depois. A viagem acaba em uma tragédia após a morte de um dos amigos. Mesmo assim, eles se reúnem dez anos depois para lerem as cartas.







Este texto foi escrito na madrugada do dia 29/05, porém publicado na data que consta no post.

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Professor não é padre, sala de aula não é feudo!

11:02 Mâniga 0 Comments



Sabe aquela história de que alguém tem que fazer o trabalho sujo? Então, mesmo sendo "a parte feia" alguém tem que fazer e essa pessoa acaba se apegando ao seu trabalho, porque, querendo ou não, aquilo é o trabalho dela e ela se empenha nisso.

Eu já estive nessa posição - hoje, não mais -, então posso falar com propriedade. O que eu nunca fiz foi ensinar algo para um grupo de pessoas com interesses comuns, desse modo, professores, me permitam meter o bedelho um pouquinho na profissão de vocês, principalmente, como alguém que está do outro lado, na parte que fica fora do palquinho, e, muitas vezes, não tem voz na sala de aula por n motivos, sejam eles originados pelo professor ou pelo aluno.

É realmente difícil falar sobre o professor. Me faltam palavras para descrever o quanto admiro tal ocupação (é sério!). Isso se aplica, necessariamente, quando se tratam de professores específicos que passaram e marcaram minha vida. Alguns sabem da admiração que sinto por eles, outros nem sonham. Mas é algo no nível "CARA, EU QUERO SER COMO VOCÊ QUANDO EU CRESCER, ME ENSINA!" e juro juradinho que não estou exagerando.

Todos nós temos aquele professor ou aqueles professores que marcaram nossas vidas. Seja no jardim de infância ou na faculdade, alguns ensinamentos (não apenas acadêmicos) levamos conosco para sempre. E é aí que pode morar um problemão!

Eu vejo o papel do professor na vida de um aluno como uma pré-adolescente vê seu cantor ou ator favorito no auge de sua carreira. Falo da questão da admiração. O que ele diz e faz influencia - e muito - no pensamento e, muitas vezes, nas ações de quem está assistindo e absorvendo aquela informação. Não estou dizendo que se você for professor você não deve fumar porque seus alunos vão fumar também, você tem todo o direito de fazer o que bem entender com a sua vida pessoal, ela é toda sua. Minha analogia diz respeito apenas ao quadro acadêmico, vulgo, dentro da sala de aula.

Acredito que alguns professores devem tomar mais cuidado com a forma com a qual eles escolhem ensinar algum conteúdo. Não! Não estou censurando ninguém, tire esta ideia maluca da cabeça! Estou dizendo que se eu quisesse informação parcial, eu me informaria através de veículos como Folha de S. Paulo, Brasil 247, O Antagonista ou qualquer coisa desse tipo, citando a temática política como exemplo, ao invés de acompanhar vários veículos distintos (os citados inclusos) e quem realmente acredita nas ideologias declaradas pela esquerda, direita e centro, como costumam clamar por aí no discurso arraigado dos militantes e ativistas.

Nem sempre, em uma sala de aula, uma temática polêmica vai gerar um debate. Digo isso porque já vivenciei tal situação em várias ocasiões. Às vezes, as pessoas não se sentem a vontade e seguras o suficiente para contestar o que está sendo dito e outras simplesmente não se importam, só querem assinar a lista de chamada para que possam ir embora. Dessa forma, o palestrante da vez detém o poder de se pronunciar sobre qualquer assunto diversas vezes e, sim, o (des)aprendizado também ocorre por repetição! Quem não teve que decorar a tabuada na terceira série?

"Ah, mas eu ensino matemática/ inglês, não história/ sociologia, isso não é pra mim." Errou de novo! Você pode não influenciar os 40 e tantos alunos da sua sala de aula superlotada, mas alguém está ouvindo o que você está dizendo e está absorvendo aquilo. E, no seu lugar, eu não gostaria de ser responsável pela desinformação e emburrecimento de um indivíduo, quando, na verdade, a função é fazer exatamente o oposto. Eu entendo que a gente acaba colocando um pouquinho de nós mesmos no que a gente faz, nossa essência está presente em nossa ocupação, mas isso não é pretexto para se tentar doutrinar uma turma, ao invés de ensinar. A desculpa de "pensamento crítico" se desfaz quando você, claramente, expõe seu ponto de vista consecutivas vezes e não mostra o que o outro lado diz a respeito, ou ainda, quando precisa ficar justificando o tempo todo que "sua função é ser imparcial, mas...

...mas fulano devia ser preso!"

...mas ciclano é um vagabundo, um *cita o nome de alguma doença ou transtorno mental*."

...mas está claro que era o certo a se fazer (sem explicar o porquê)."

Saiba que, se você faz isso, você não é nadinha diferente daquele jornalão ou jornaleco que você critica por ser oposto aos seus ideais; que calúnia, difamação e injúria são caracterizados como crime contra a honra e estão previstos no capítulo V do Título I da Parte Especial do Código Penal Brasileiro (artigos 138, 139 e 140, respectivamente) e ainda que não é nem um pouco respeitoso e muito menos responsável da sua parte relacionar qualquer comportamento que você reprova a um transtorno/ doença mental apenas para zombar ou ofender alguém.

Isso surgiu de uma reflexão após algumas aulas, nas quais um (a) professor (a) insiste em denegrir antigos clientes que eu tive, mesmo sem provas concretas sobre tudo o que ele (a) está dizendo, e também à equipe que trabalhava com eles - logo, me senti pessoalmente ofendida. Nem todos nós temos o privilégio de escolher com o que ou com quem vamos trabalhar, não é? Se fosse assim, aposto que este (a) professor (a) escolheria lecionar apenas àqueles que possuem o pensamento semelhante ao dele (a) - o que, claramente, não é o meu caso.

Em outro momento, fui obrigada a responder coisas que eu achava que eram absurdas em uma prova porque meu (minha) professor (a) achava que era certo. Em uma matéria que era puramente reflexiva, logo, na qual não deveria existir o certo ou o errado com exatidão. Mas nesse caso existia. E o certo era o que o (a) professor (a) achava que era certo.

Também me lembrei de um episódio perigoso em que um (a) professor (a) que tive no ensino fundamental ginasial me disse algo sobre uma determinada personalidade ser perseguida. Eu, que tinha 12 anos, não utilizava a internet e me informava através dos adultos que me cercavam e da televisão, tomei aquilo como uma verdade absoluta e só descobri que aquilo não era tão verdade assim quando, em 2013, com 18 anos, comecei a ler a respeito por conta da minha ocupação na época e passei a acompanhá-lo (a) de modo mais crítico através das redes sociais (foi quando percebi que o que eu havia escutado era mais algo ligado a convicções pessoais dele (a) do que com a matéria que estava sendo ensinada). Isso não causou nenhum estrago em mim. Mas eu vejo que causou e causa muito estrago em muitas pessoas o tempo todo.

Se eu guardei essa informação por tanto tempo e só fui averiguá-la anos depois porque meu trabalho exigiu, imagine o tanto de ingenuidade e ignorância que não há por aí? Pense nisso nos dias de hoje? Escuto crianças de menos de 11 anos reclamando de ocupantes de cargos do executivo, dá para pensar no tanto de porcaria que essas crianças ouvem o dia todo com um momento social, político e econômico tão delicado quanto esses tempos nos têm oferecido?

Isso é só mais um dos meus desabafos? Provavelmente, mas, na minha cabeça, um desabafo coerente. Não precisamos de mais doutrinação, isso já temos na TV, nos jornais, em livros didáticos. Precisamos de informação e suporte para o pensamento crítico real e não um pseudo-ensinamento que só vai acarretar mais discurso de ódio e polarização. E suporte não quer dizer conhecimento pronto, um professor precisa ter essa sensibilidade, uma vez que detém posição tão relevante, que influencia o pensamento das pessoas e, possivelmente, o que elas virão a se tornar no futuro.

A sala de aula não é um instrumento manuseado em benefício do seu ego, para que você se imponha de tal modo que consiga sentir algum poder sobre aquele grupo de pessoas, independente de suas idades. O professor não é um suserano e eu não sou um vassalo, não preciso de esmolas em troca de favores. Quero conteúdo, sapiência e suporte para aprimorar o meu conhecimento e não aceito nada aquém disso. Já dizia Roger Waters: "Não precisamos de controle mental. Chega de humor negro em sala de aula." E eu não sou apenas mais um tijolo na parede!





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Observação: sobre o título - não tenho absolutamente nada contra padres ou religiões, sou cristã. Fiz apenas uma analogia entre o aprendizado de modo imparcial e o ensinamento religioso, dogmático. :)

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Metamorfose

22:18 Mâniga 0 Comments


Encontrei esse vídeo no facebook e ele é tão legal que achei que merecia um post por aqui. Ele é uma explicação biológica do processo de transformação da lagarta em borboleta com uma experiência que fizeram sobre as memórias desse bichinho.

Ele explica que a borboleta não é o resultado direto da transformação do corpo da lagarta, uma série de diferenças biológicas categorizam os dois insetos diferentemente. Mas, apesar disso, as experiências da lagarta podem ser passadas para a borboleta, ainda que ela não seja mais a mesma por causa da sua divisão celular. Isso significa que a borboleta mantém as lembranças de quando era uma lagarta, ou seja, mesmo que ela seja diferente, o que ela viveu e aprendeu fazem parte do que ela é hoje.

Muito legal, né? E isso casa muito com o conceito do Aprimoradamente (♥), a ideia do acúmulo de conhecimento em prol da evolução do ser. Achei demais! ☺


Vídeo via Go Beta Go.

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O mito do trabalho dos sonhos

15:01 Mâniga 0 Comments


Em entrevistas de emprego, eu costumo dizer que minha "maior qualidade" pode ser também meu "maior defeito". Meu perfeccionismo e o nível de dedicação que eu emprego às coisas que eu faço usualmente geram trabalhos bem feitos, com equipes e relações completamente desgastadas e a minha pessoa num estado de cansaço inimaginável e qualidade de vida pior ainda.

Agora vem a parte surpreendente: isso acontece independente de eu gostar ou não do que estou fazendo. Alguns podem ver isso como algo positivo, outros como negativo, eu não sei exatamente em que ponto essa característica poderia estar definida.

Essa reflexão surgiu graças a uma postagem no facebook de uma colega empreendedora. Ela trabalhava em banco, ganhava um bom dinheiro e estava bem insatisfeita com a vida dela. Comentou que dormia tarde e acordava às 8h da manhã se arrastando para o trabalho e que nem a cor do esmalte que ela usava era da preferência dela, por causa das normas da empresa. Agora, ela tem o próprio negócio e ainda dorme tarde, mas pode escolher a cor do próprio esmalte e acorda às 5h30 da manhã para se exercitar feliz da vida, porque agora tem a vida que ela queria para ela.

Ao ler isso, fiquei pensando sobre essa ideia de "se ter a vida que sonha" e, consequentemente, na minha vida profissional. Eu sei, não precisa vir com "mas você ainda é jovem, está no começo da carreira e blá, blá, blá...". Mesmo tendo uma vida economicamente ativa relativamente curta, em algum momento, eu achei que tinha o emprego dos sonhos. Eu ganhava bem, fazia algo que eu gostava de fazer, enxergava a relevância do meu trabalho, via ele sendo aplicado na prática e aprendia muito todos os dias, conheci muita gente interessante e influente, além de me divertir com os colegas de trabalho. Em compensação, minha imunidade despencou, ficava doente todo mês, vivia de hambúrguer (que era o que dava pra comer na frente do PC) e com horários de refeições completamente aleatórios - tipo às 16h e depois às 3h da manhã, dormia pouco, cheguei a virar noites trabalhando e ir trabalhar no dia seguinte sem dormir, depois ir para a faculdade, etc (claro que eu dormia todos os dias no primeiro período, assisti pouquíssimas aulas de Psicologia do Consumidor por causa disso, mas consegui não pegar nenhuma DP), nessa época, também passei a consumir cerveja com alguma frequência, porque isso me deixava menos ansiosa, engordei uns 8 quilos e perdi contato com várias pessoas próximas (como já comentei aqui). Tentei complementos alimentares e simpatias para me manter acordada fora do trabalho, mas nada adiantava muito. Hoje, fico pensando no quão insuportável eu devia ser por só falar de trabalho naquela época, não que eu não fale agora, mas tento conversar com as pessoas sobre outras coisas que não eu mesma ou as coisas que eu faço. (Isso tá parecendo aquelas narrações do quadro Desabafo do programa da Márcia Goldschmidt na Band, mas ignore isso, estou falando sério, ok?)

Agora, minha rotina é um pouco menos perturbadora, pelo menos por enquanto - já que o TCC está apertando e as eleições estão chegando. Ainda tenho problemas com horários de refeições, mas tento comer porcarias com menos frequência e, apesar de trabalhar em horários em que eu devia estar fazendo qualquer outra coisa, eu procuro dormir mais e melhor do que em 2014, que foi essa fase perturbadora, mas, pessoalmente, instrutiva, que descrevi acima.

Cheguei no ponto em que eu queria do meu tipo de trabalho. Eu faço exatamente o que queria fazer desde que comecei nesse ramo e, às vezes, parece que a coisa estagnou. Sabe quando você finalmente chega lá e não era tudo aquilo que parecia ser? Então. Provavelmente a culpa é minha, eu devia me dedicar mais, mas não vejo como me dedicar mais a algo que eu cuido como se fosse meu. Essa semana mesmo engoli um combo do Mc Donald's na frente do computador para dar tempo de conseguir suprir as demandas repentinas que surgem durante o desenrolar do trabalho (me punindo mentalmente por estar comendo mal e também por não ser mais eficiente), mesmo depois de ter terminado todo o trabalho do dia no meio do expediente para adiantar o trabalho do dia seguinte, a fim de conseguir dar conta de tudo a semana toda. Sem mencionar o trabalho extra do domingo anterior.

Isso não é uma reclamação, estou apenas comparando as situações. Minha qualidade de vida é relativamente melhor atualmente que em 2014 e, em 2014, numa situação semelhante à da minha colega empreendedora, eu levantava 5h30, no máximo às 6h da manhã, feliz da vida para ir para a academia e depois ir trabalhar do outro lado da cidade e garantir que eu não chegaria atrasada. Eu preferia chegar 30 minutos mais cedo do que dez minutos depois que o relógio marcasse 9h. E se não fosse malhar antes do trabalho, ia depois da faculdade, era a última a sair, junto com a instrutora. Hoje em dia, eu sou aquela pessoa que levanta às 8h se arrastando e desejando que o relógio esteja mentindo a hora para poder dormir mais um pouquinho. O momento de satisfação do dia é, geralmente, na faculdade, quando alguma aula é realmente produtiva. Quando não, é só mais um dia e o prazer do dia provavelmente foi o horário de almoço e o de dormir.

Do contexto perfeito, acredito que eu já tenha desistido. Assim como na vida acadêmica, no trabalho nem tudo vão ser rosas. Mas parece que as coisas nunca vão se encaixar, quando está certo aqui, está errado ali e vice-versa. Sei que não sou a única que vive esse dilema. Gostaria de poder compartilhar e desfrutar de opiniões alheias à minha realidade para poder repensar melhor o assunto. Sei que ser astronauta, bombeiro, médico pode fazer parecer que se tem a vida mais legal do mundo quando, na verdade, ficar longe da sua família (ou de qualquer ser humano, em geral), não ser reconhecido, se arriscar, etc. também são problemas que outras pessoas com outras profissões enfrentam.

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Repita comigo: família é importante!

12:41 Mâniga 0 Comments


Fico realmente chateada com o quanto algumas pessoas não dão valor para quem se importa com elas.
Você pode entender isso como mais um daqueles clichês, mas tenho passado por sucessivas situações em que conhecidos meus não dão a mínima para suas famílias, enquanto eu fico, às vezes, meses sem poder ver a minha.
É bem verdade que a gente só aprende a dar o devido valor quando perde, nesse caso eu não perdi, mas não vejo com frequência. E sinto uma falta! Sinto falta de reclamar do quanto a minha mãe pegava no meu pé para que eu arrumasse o meu quarto; sinto falta de reclamar do quanto o meu irmão me irritava; sinto falta até daqueles encontros de família super entediantes, sabe? Aqueles que você vai e fica rezando para conseguir sinal de internet num sofá confortável. Hoje, eu tento aproveitar esses momentos muito mais. Ninguém morreu, não, eu só moro longe e sou bastante atarefada, nada que não tenha solução.
Eu só precisava do desabafo. Frequentemente, sinto vontade de estapear alguém na fuça e dizer: "acorda, palhaço (a)! Sua mãe só tem uma vida, seu pai não é perfeito, mas ele se importa com você, seu irmão é muito chato? Ele te admira pra caramba, vai lá passar um tempo com ele!", mas provavelmente se alguém me dissesse isso há cinco anos eu iria responder com um "você diz isso porque não é com você, você não vive minha vida" ou qualquer bobagem dessa (eu costumava ser bastante dramática, sabe? Ainda bem que eu cresci.). Como a gente é bobo, né? Precisa passar perrengue pra aprender.
Eu sempre me considerei alguém que sabe ouvir os experientes, mas, na minha cabeça de minhoca, isso significava apenas ouvir quando meus pais, meus tios e avós diziam "estude para que você tenha um bom trabalho" e "trabalhe para que você conquiste suas coisas e não dependa de ninguém". Eu fiz isso, eu ouvi quase tudo que eles disseram, eu me dediquei e me dedico muito à minha vida acadêmica, tanto que o motivo de eu ter aprendido a lição sobre prestar mais atenção na minha família e nos meus amigos é exatamente este: moro longe para poder estudar, busco sempre melhorar no trabalho e trabalho bastante, ainda que mantenha o estudo como prioridade, e busco com afinco minha independência, necessariamente a financeira.
Mas eu queria ter aproveitado mais os encontros tediosos, os domingos chatíssimos com os meus pais e meu irmão em casa, as oportunidades que eu perdi de fazer esses momentos serem inesquecíveis... Eu sei que terei muitas outras, mas é aquela história: só se tem 20 anos uma vez e isso é aplicável a tudo e todos, dentro deste contexto.
Quando vou visitar minha mãe, as horas voam e ficar batendo papo com ela sobre nada com coisa nenhuma é um prazer único. Assim como ouvir meu irmão falando durante horas sobre videogames dos quais eu não entendo pifas. Também faz falta ter meus amigos por perto para comemorar aniversários (e eu nem gosto muito de comemorar aniversários, mas eu gostaria de uma desculpa para poder nos reunirmos, e o que é melhor do que um aniversário, né?).
Essa experiência provavelmente vai me fazer ser aquela tia chata que nos encontros de família quer tirar foto de tudo e de todos a toda hora para recordar, porque família é importante, mas eu posso viver com isso. E viverei feliz, inclusive.

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Feliz Dia Internacional da Mulher!

11:43 Mâniga 0 Comments


Estou lendo muitas mulheres comentando sobre este dia que nos homenageia e, mesmo com um dia dedicado apenas a elas, elas não estão muito satisfeitas. Quer saber? Elas estão certas!
Você dá flores para sua mãe, sua esposa e sua irmã, mas desrespeita qualquer mulher que vê passando na rua? Então qual o propósito de desejar um "feliz dia" a uma delas? Lembre-se que existem outros como você por aí e, enquanto você chama uma mulher de "gostosa" na rua, sua filha está sendo assediada na escola, sua mulher, no caminho para o trabalho, sua irmã, enquanto faz compras no mercado. O respeito começa sempre dentro de casa, mas deve ser mantido fora dela também.
No twitter, a hashtag "#NãoQueroFlores" está entre os assuntos mais comentados no Brasil. Apesar de eu me irritar muito com algumas peculiaridades em relação a este tema, eu gosto de como nós, mulheres, estamos aprendendo a nos impor e a exigir respeito. Eu discordo de qualquer tipo de violência e também não sou adepta às generalizações, mas o caso do assédio e da fragilidade a qual se é exposta apenas pelo fato de ser mulher é algo real! Andar da minha casa ao ponto de ônibus, um trajeto que não dura mais do que três minutos, significa olhares maldosos dos rapazes que trabalham no mercado, "bom dias" naquele tom nojento que a gente conhece, buzinas e insultos (que alguns homens pensam ser elogios) no semáforo da avenida, fora o receio de estar apenas com outros homens que ficam te observando enquanto você está esperando o ônibus. Isso piora muito na volta pra casa, quando já é noite. Você nunca sabe quando ou quem pode te abordar na rua, você sente medo, você não está segura fora de casa (e, às vezes, nem dentro dela!), você sente que precisa se proteger de alguma forma e é aí que a gente começa a ver coisas como mulheres andando com tesouras nos bolsos, com chaves entre os dedos, com garrafas na mão, entre muitas outras, que poderiam ser evitadas simplesmente se alguns homens pudessem se conter e saber respeitar o bem mais precioso de uma mulher: ela mesma.
Para você mulher, parabéns pelo seu dia e por resistir.

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