Entre Nós: a vida como ela realmente é

05:14 Mâniga 0 Comments



Este texto pode conter spoilers.

Hoje, eu assisti a um filme que eu gostei bastante e, por mais que o filme não seja lá uma maravilha, a reflexão que ele me trouxe, embora não seja nenhuma novidade, foi importante.

Que fique claro que não sou nenhuma conhecedora das novidades, tendências e clássicos da indústria de longa-metragens internacionais e muito menos nacionais, tanto que este filme é de 2013 e eu só assisti no Supercine, na Rede Globo.

Ele se chama "Entre Nós" e conta a história de um grupo de amigos que se reúne em um sítio, escrevem cartas e as enterram em uma caixa para serem lidas dez anos depois. Um deles acaba morrendo (isto não é spoiler porque está na sinopse do filme!), mas eles se encontram mesmo assim e desenrola-se a narrativa das consequências das escolhas que eles fizeram em suas vidas e como eles conseguem - ou não - lidar com isso. O que mais me chamou a atenção, para ser sincera, é que o filme não é um desses com final feliz e previsível. Ele relata escolhas que qualquer um de nós está sujeito a tomar todos os dias. Não me refiro ao fato principal do filme, a questão do livro, mas às histórias paralelas, não são essas escolhas do tipo que, em um momento da sua vida, você se vê em uma encruzilhada e toma ou não uma decisão que traz determinada consequência. Me refiro às escolhas que são lapidadas diariamente, aquelas que realmente definem o curso de nossas vidas.

O caso da personagem, cuja última coisa que ela queria pra ela mesma era ser uma dona de casa frustrada e ela viveu uma vida se frustrando, esperando pelo momento em que teria a vida que ela sempre sonhou. O rapaz que viveu amargo e fechado a vida toda para não se machucar e acabava machucando quem ele mais amava e quem mais o amava também. O rapaz que se frustra por um pedaço de carne queimada, porque viveu a vida toda buscando o sucesso em alguma coisa e nunca foi capaz de alcançar... E o que é o sucesso? O que é não viver frustrado? Se fechar para o mundo vale a pena se for para viver uma vida infeliz e cheia de desentendimentos? Para mim, essas foram as questões principais do filme. Um desejava o "sucesso" do outro, mas, se realmente estivessem um na pele do outro, saberiam que a situação não era tão boa assim. Todos nós carregamos nossas aflições. A questão ética que o filme aborda é interessante também, mas o pano de fundo é que traz a real reflexão.

Quando o filme acabou, eu pensei: "ué, mas acaba assim?" e é aí que está! Acaba assim porque não acaba! Entende? Vida real? Eles eram um bando de jovens que, assim como eu e mais um monte de gente, vive em busca do "final feliz", do "quando eu chegar lá", só que a gente não chega, porque quando chega, acaba, quando chega no final, morre... E aí, como eu disse antes, sem nenhuma novidade: vem toda aquela reflexão de "o agora é o importante", "como estou aproveitando o presente?", sabe? Aquele clichezão.

Eu leio bastante sobre isso e tento me convencer todos os dias que o agora é mais importante, porque, sem ele, não tem amanhã. Mas, ansiosa que sou, simplesmente não consigo engolir essa ideia. Meu corpo naturalmente reage às situações da pior forma possível, quando o assunto é este, e eu não consigo controlar. Aliás, só estou escrevendo isso agora por causa disso. São cinco e oito da manhã e eu deveria estar dormindo, mas ele se nega a descansar e quer aproveitar cada segundo que me resta aqui, porque sabe que amanhã, à essa hora, estará de volta para o caos.

Outro problema é que a ideia de "estar aproveitando o agora" nos deixa tão pilhados em, de fato, aproveitar o agora que acabamos não aproveitando nada! Eu me preocupo por estar me preocupando, fico ansiosa por pensar que minha ansiedade está me atrapalhando, tá dando pra entender? As coisas só pioram quando tento melhorar isso. Claro que, a essa altura, quem ler isso vai estar pensando "essa garota precisa de um psicólogo!". Sim, preciso. Outros irão se identificar, ansiedade, definitivamente, não é algo fácil de se lidar, mas também não é impossível.

A questão é que acho que mais pessoas deviam assistir a esse filme, não necessariamente pela história, não pelos atores, como <3 Caio Blat <3, que estão presentes, mas por essa reflexão mesmo... Precisamos lidar com os nossos problemas e, se não for de maneira calma e controlada, será atordoada e espalhafatosa mesmo, porque eles não irão embora, esse filme deixa isso bem claro. Não adianta rezar, fazer promessa, mágica nenhuma vai apagar o que você fez ou executar o que você deixou de fazer.

Veja o Trailer do filme e a ficha técnica dele abaixo.

Título: Entre Nós (Original)
Ano produção: 2013
Direção: Paulo Morelli
Estreia: 3 de Outubro de 2013 (Brasil)
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero: Drama
Países de Origem: Brasil
Elenco: Carolina Dieckmann, Caio Blat, Maria Ribeiro, Paulo Vilhena, Júlio Andrade, Martha Nowill, Lee Taylor.
Sinopse: Sete jovens amigos escritores viajam para uma casa de campo para celebrar a publicação do primeiro livro do grupo. Lá, eles escrevem cartas para serem abertas dez anos depois. A viagem acaba em uma tragédia após a morte de um dos amigos. Mesmo assim, eles se reúnem dez anos depois para lerem as cartas.







Este texto foi escrito na madrugada do dia 29/05, porém publicado na data que consta no post.

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